segunda-feira, 16 de junho de 2008

Conquistando o norte

amigos acabei de apagar (sem querer) o que tinha acabado de escrever!!!!
Puta tecnologia!!!
Agora nào tenho tempo de escrever nem vontade assim que vos deixo com esta queixa e promessa de futuros relatos.

Seguimos pelo norte para chegar ao sul. (Quem adivinharà este inigma) Quem conseguir descobrir a soluçao terà direito a um prèmio surpresa.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Para que servem os psicólogos ou porque discutimos tanto?

Desta vez nào contarei nada acerca das minhas viagens por terras do sul, o que nào significa que nào partilharei outro tipo de viagens...

Ultimamente tem me dado para pensar na Psicologia, na sua utilidade, e nas relaçoes entre as pessoas, mais exactamente no porquê das discussòes.
Já se sabe que quando passamos muito tempo com alguèm è inevitável que surjam discussóes sobre o que quer que seja, especialmente quando vivemos 24h com essas pessoas. Neste mês e pico de viagem as discussóes foram muitas e a maioria diria sem sentido. Porquê sem sentido? Porque no final da discussáo cada um fica a pensar exactamente o mesmo que antes e a única coisa que se trocou foram más energias e falta de compreensáo (e náo pontos de vista).
Quantas vezes fingimos ouvir o outro mas estamos realmente esperando que se cale para dar a nossa opiniáo? E náo só numa situaçáo de discussáo mas tambèm quando ouvimos as suas històrias ou peripécias. Quase sempre começamos com "a mim tambèm me passou algo parecido..." ou "eu uma vez..." ou "tenho um amigo que"... Se prestarmos atençáo as interacçoes quotidianas podemos aperceber-nos da nossa incapacidade de escutar e compreender o outro.
Isto leva-me a outra pergunta... porque nos custa tanto aceitar a opiniáo dos que nos estáo mais próximos? Porque discutimos tanto com a nossa cara metade ou com os nossos melhores amigos?
No outro dia no meio de uma dessas discussóes apercebi-me que tantas vezes recusei a ouvir a opiniáo dos que me estáo mais próximos, especialmente no que diz respeito a problemas amorosos. "tu nào podes compreender..." náo sabes o que ela sente, náo a conheces" mas a verdade è que me conheces a mim.
E aqui chegamos a outra questáo. Porque è táo dificil falar de certos temas com os melhores amigos? Porque escondemos coisas, ou damos-lhe voltas para que náo pareça o que realmente é?
Eu creio que as expectativas desempenham um papel importante nesta questáo. ás vezes dá-nos para contar a nossa vida a uma pessoa que mal conhecemos e náo o fazemos da mesma maneira com outra que está ao nosso lado há vários anos. Temos medo do que pense de nós, de desiludi-lo ou magoá-lo. Muitas vezes calamo-nos para náo magoar o outro mas será que náo saber é sempre melhor que saber???
Agora entra a questáo dos psicólogos.
Pagamos a um desconhecido para que nos ajude a resolver os nossos problemas mas tantas vezes náo confiamos nos amigos. Há pessoas que tëm uma dificuldade enorme em falar de elas próprias, em partilhar coisas intimas com medo da opiniáo do outro, ou por vergonha ou por qualquer outro motivo. Do outro lado do sofà estáo dois ouvidos que nos escutam e talvez essa seja a grande diferença entre confiar os nossos mais profundos segredos a um desconhecido e o melhor amigo. Náo temos medo que nos julge, que pense mal de nòs, porque afinal è um profissional e está ali para ajudar-nos, para ser "ouvidos".
No inicio do sec xxios psicólogos têm uma notoriedade e procura nunca antes vista, milhoes de pessoas confiam na ajuda destes profissionais, milhoes de vidas á procura de respostas para os seus problemas. Os psicòlogos publicam livros para as massas, estào na televisào nos jornais, fazem parte do imaginário cinematográfico; psicanalistas, psicoterapeutas, conselheiros matrimonias, sexologos, terapeutas familiares e jà para nào falar das denominadas terapias alternativas.
Temos a barriga cheia (às vezes demasiado), quase nenhum de nòs sabe o que è passar fome (de verdade), temos um tecto, pais que nos ajudam e financiam (às vezes demasiado) e uma sèrie de confortos nunca antes imaginados (e bens materiais incontàveis). Temos tudo o que os nossos pais desejaram para nós (excepto um emprego, mas isso é outra història). Neste momento eu escrevo-vos do outro lado do mundo, estou na Argentina por tempo indefenido (!!!) e mesmo assim poderia apresentar-vos um rol de queixas, problemas existencias, indecisóes e outras paranòias. Parece que é mais fácil desejar o que náo temos e invejar os outros pelo que têm do que estarmos satisfeitos com as nossas proprias vidas. Chegamos a um tal ponto de desespero que náo nos resta outra soluçáo que tomar o tal antidepressivo ou o tal ansiolitico. E uma vez mais lá está aquele individuo disposto a emprestar-nos os seus ouvidos e a sua sabedoria acerca da mente humana e dos comportamentos.
Surgem-me outras questóes, talvez fundamentais, que explicam a minha relaçào amor-ódio com a psicologia. Deixo-vos uma citaçáo de Focault em a Història do Sexo: "(...)somos a ùnica civilizaçáo em que certos especialistas recebem retribuiçáo para escutar as confidëncias de cada um sobre a sua sexualidade: como se o desejo de falar dela e o interesse que se espera tivessem ultrapassado ampliamente as possibilidades de escuta, alguns alugaram os seus ouvidos."
E chegamos ao ponto frucal da questào: alugar! troca econòmica. Talvez seja um dos motivos da minha renuncia a ver-me como psicóloga. Poderies perguntar "e se nào cobras dinheiro vais viver de quë" Infelizmente náo posso viver de amor e uma cabana, tenho que comer, pagar uma casa, roupa e mil uma superficialidades que me fazem feliz. Talvez por isso procure outras alternativas de trabalho. Ou talvez por uma profunda e enraìzada falta de confiança em mim mesma. Agora estou a abrir outra porta, deitar para fora esse medo que tento ocultar... nào confio no meu conhecimento acadèmico apersar de valorizar o conhecimento pessoal aquirido ao londo dos anos da Universidade, o que nào è suficiente para me lançar nesse mundo da psicologia (esta é uma razáo bastante forte). Parece-vos que um mèdico de clinica geral se atreveria a operar um coraçáo?? talvez num caso extremo que nào houvesse outra alternativa. Mas existem outros motivos que me fazem desconfiar dos psicòlogos e da ciência em geral.
A Ciência è a nova religiáo, confiamos (quase todos) cegamente nos dados apresentados pelas investiagaçóes cientificas. Um dos argumento màgicos numa discussào è "li um artigo que dizia" ou a "teoria tal afirma" ou "està provado cientificamente". Já sabemos que antes estava provado que a terra girava à volta do sol até que alguém disse o contrário e pagou com a sua vida. A història mostra-nos que nos equivocamos muitas vezes, e mesmo assim seguimos acreditando que temos verdades acerca de tantos dominios. O progresso cientifico e tecnologico do ultimo sèculo foi táo grande que náo questionamos as leis cientificas. Felizmente nem todos pensam assim e por cada teoria X existe uma Y que afirma o contràrio. E se falamos em ciëncias humanas entáo a relatividade e a complexidade aumentam. Antes confessavamo-nos na igreja, agora confessamo-nos num consultòrio. Criticamos os dogmas religiosos mas náo nos damos conta que tambèm existem muitos dogmas cientificos. No que toca a psicologia podemos encontrar tantas escolas como movimentos religiosos. Os cristáos criticam os mulçumanos, os cognitivistas criticam psicanalistas. Durante os cinco anos aprendi muita coisas mas esqueci muito mais, no entanto uma coisa ficou bastante clara a guerra de poder dentro da faculdade, a falta de comunicaçao entre os "crentes" de uma corrente e os "crentes" da outra. A coisa chega ao ponto de nào se falarem entre si e de se criticarem abertamente nas aulas. Qual seria o objectivo comum? Estudar a mente humana e o comportamento... sendo o homem tào complexo como nos podemos fechar numa crença cega que tal paradigma ou ciência è mais exacta que a outra. Estudamos o homem mas nào estudamos antropologia, ou sociologia, ou filosofia, ou artes, ou ciencias da educaçao. Deixamos que nos tampem os olhos e saimos todos satisfeitos com um canudo na máo que diz que somos douctores!!

Bem, jà me alonguei muita e fugi um pouco à reflexào inicial mas retomo o fio à meada para concluir que devemos ser mais receptivos +a opiniào dos outros, escutar activamente (e muitas vezes calar activamente), estar em silencio para poder ouvir com atençao as palavras que o outro articula. Tentar afastar todos os pensamentos intrusivos que nos distraem e nos perdem dentro das nossas pròprias preocupaçoes. E agora vem a grande revelaçao... esta è (ou deveria ser) a grande capacidade de um psicologo, a escuta activa e empàtica, o que o distingue dos demais ouvintes. E entào o conhecimento adquirido ao longos dos anos poderà ser aplicado, dependendo o sucesso da terapia. da abertura de espirito do terapeuta em questào, porque cada caso è um caso e a DSM náo passa de um manual estatistico, e como todos sabemos a media è uma das medidas mais enganadoras e que menos nos dizem acerca de uma populaçào. Para todos os psicologos e nao psicologos o que tenho a dizer è que è devemos esforçar-nos em ser mais tolerantes às outras opiniòes, talvez assim evitemos discussóes inuteis e salvemos relaçóes, alèm de poupar dinheiro em interminàveis terapias. Com isto nao quero dizer para evitar todo e qualqer tipo de discussào mas sim para estar atento de modo a que uma inicial troca de pontos de vista nào se transforme numadisputa de poder.

Mais silêncio e menos egocentrismo.
Mais acçao e menos queixas.

P.S: mais silencio nào implica que nào deixeis comentàrios a estas deambulaçoes. Isto de escrever para os outros e nào saber a sua opiniáo náo è muito reconfortante. Fico à espera e vou tentanto aplicar estas pseudo conclusóes à minha própria vida.