quinta-feira, 29 de maio de 2008

o homem das areias

Entre um mate frio e o cheiro a cebola frita o pensamento vai procurando na memória imediata recordaçòes impossíveis. O tempo descontínuo que transforma o viver em vivido, ideias náo ditas que se perdem num sìtio escuro onde as palavras nào chegam.


Interrompo o diário de viagem. Pausa para viver apenas com os sentidos, no entanto o pensameto intromete-se entre as paisagens contaminando a beleza dos instantes. Penso no homem das areias dessa Patagònia profunda, do vento que traz as vozes dos mortos e confunde os vivos. O velho sem sombra nem pegadas, deixando um rasto de serpente nas areias infinitas desta paisagem inóspita.





A vida náo se deixa perceber pelos olhos desatentos, temos que fixar o olhar e deixar entrar o silêncio para poder entender todos os sussurros que povoam o céu imenso do deserto.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

que muros sào estes???

Alguma vez alguèm vos perguntou directamente "porque è que me tratas de maneira diferente dos demais?" Alguma vez alguèm vos disse que se sentia afastado, como se tivesse um muro entre vocês que nào pudesse passar?

Que resposta poderieis dar?
Eu nunca sei muito bem o que dizer... nào me cais bem, nào gosto de ti, tenho problemas com a tua personalidade... tudo isto parece demasiado forte quando o outro nào è um desconhecido e sim alguém com quem passamos um determinado perìodo da nossa vida. A verdade è que hà coisas que nào conseguimos disfarçar e se acreditarmos nas energias que cada um transmite sem dar-se conta, entào a coisa torna-se impossivel. Inventamos respostas improvisadas que disfarcem o mal-estar mas no fundo sabemos que náo podemos enganar o outro. Será que as nossas personalidades sáo táo diferentes que náo podemos estabelecer uma ponte entre elas? O que podemos fazer em tais circunstâncias? Tentar mudar a relaçào com o outro? E serà que o podemos fazer realmente ou é algo demasido forçado?
Porque serà que construimos esses muros com certas pessoas que supostamente nunca nos fizeram nada de mal e táo pouco sáo desagradáveis?

estou receptiva a respostas....

domingo, 25 de maio de 2008

contos de outono


P.N Lanin




P.N Lanin II



P. N Lanin III



P.N Lanin IV




Ruta de los Siete Lagos (inicio)

Ruta de los Siete Lagos



Ruta de los Siete Lagos II



Ruta de los Siete Lagos III



Villa La Angostura I



Villa La Angostura II



Villa la Angostura III



P.N Nahuel Huapi





a caminho de Esquel I




A caminho de Esquel II



a caminho de Esquel III




Esquel








sexta-feira, 23 de maio de 2008

tenho uma lágrima no canto do olho

tenho uma lágrima que me baila entre os olhos e o rosto. cai nao cai... uma gota de saudade e afecto... tenho o coraçao perdido entre paisagens e pensamentos, às vezes esqueço-me de respirar.

o fim do mundo està cada vez mais longe mas a viagem continua. temos escapado da neve e da chuva sem nos apercebermos! todo o percurso que fizemos antes de chegar à costa està intransitàvel ou pelas cheias ou pela neve... com um bafo de sorte vamos chegando sempre a algum lado, mesmo que náo seja o destino previsto.

Queria explicar com palavras o que tenho visto, pintar essas paisagens com letras e poemas mas escapa-se a inspiraçao ou a arte para o fazer. Tenho lido Pessoa e fico aterrorizada com a grandeza da sua escrita, a literatura elevada ao seu estatuto mais alto. Pego na caneta e congelo-me, detenho-me entre o vivido e a imaginaçao. As fotos permitem captar um bocadinho da magia mas ainda assim nunca me parecem suficiente reais... as palavras fogem, escondem-se nalgum recanto e nao se deixam tocar.

Deixo-vos as palavras de Hugo Covaro acerca dessa patagònia dos desertos, longe do turismo, das cidades, episòdios das areias...

"En esta regiòn de arenas el hombre debe inventarse un sueño nuevo cada dia. Si no lo hace, la arena lo acomete, lo aprisiona y lo confina a su quietud de piedra machacada hasta volverlo un enterrado silencio. Debe vencer el miedo a esa obstinada invasión que lo atenaza sumièndolo en una perplejidad dolorosa.

En ese letargo, el rastro de un escarabajo cruzando el mèdano es la precaria escritura en esa memoria pulida de intemperie, y en las pupilas del hombre de las arenas, la vida muestra extrañas visiones.

A veces el viento destapa restos de paisanos muertos y le hace comprender que han sido calcinados por el desierto quizà quinientos años antes.

Todo aparece y desaparece, porque en ese territorios las cosas adquieren importancia sòlo cuando las miran algunos ojos, cuando las atesoran ciertas miradas."

O homem das areias percorre o deserto com seus passos invisiveis, camuflado entre a paisagem e o esquecimento.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

por entre paisagens emocionais


P.N Lanin


P.N Lanin



Vulcan Lanin




Ruta 40




Mercado Puente del Inca (Aconcagua)




Perilago_Vallecitos (primeiro acampamento)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

a caminho do fim do mundo

uma semana e dois dias de viagem...
Distância percorrida: cerca de 2500 km

Caros amigos, leitores e curiosos, gostaria muito de contar-vos algo sobre a viagem mas como a inspiraçao e o tempo escasseiam, deixo-vos a promessa de futuros escritos e imagens.
Assim que puder vou pôr algumas fotos no blog para que possam "ver com os olhos da viajante", mas como todos sabemos hà paisagens que nunca podem ser captadas pela objectiva de uma màquina... sào apenas retratos pàlidos de uma realidade vivida na primeira pessoa. Imagens emprestadas que nos fazem sonhar e suspirar mas que nunca podem captar a essencia do vivido.

Vou-me passeando por entre paisagens emocionais e tentando captar com todos os sentidos as suas apariçoes. Cumes neavados, desertos montanhosos, rios, lagos, riachos, àrvores amarelas, vermelhas, verdes, despidas, carregadas, araucàrias, pinheiros, carvalhos.... planicies sem fim que se estendem por kms e kms, casas perdidas no meio de montanhas, casas de madeira, casas de pedra... um vulcao gelado, outro vulcao, neve e verde, frio, muito frio e paz.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

à espera...

o dia começa com sol e um sorriso.

deixo-vos um texto que escrevi numa noite de espera em coimbra.

Se alguèm vir o meu coraçao ardendo pelas ruas contacte-me com urgência!

Perdi a sombra e os meus pès jà nao deixam qualquer impressao na areia. Nao sou fantasma nem vampiro mas um ser sem tempo. Alguèm sabe onde foi parar o ontem? Quando abri os olhos jà era hoje e o passado nào podia ser tocado por máos humanas.
Serà que as asas podem abraçar os pedaços que vamos deixando pelo caminho?
Que raizes se estendem em todos estes mundos?

E no final da noite a manhà nào chega. Apenas a morte temporària nos embala o corpo.
Quais sào as tuas razóes?
E os sonhos?

Apaixona-te!!
Apaixona-te hoje.
Nào tenhas medo. È de mentira. È uma casa de cartáo que podes desmontar quando a manhá chegar. Náo tenhas medo nem duvidas.
às vezes estar apaixonado dòi um bocadinho mas o coraçao cicatriza mais ràpido que o esquecimento.
Và là! Vem comigo!
Náo te escondas detràs dessa porta. Deixa-a aberta para que a paixào possa entrar e sair quando quiser.