sexta-feira, 23 de maio de 2008

tenho uma lágrima no canto do olho

tenho uma lágrima que me baila entre os olhos e o rosto. cai nao cai... uma gota de saudade e afecto... tenho o coraçao perdido entre paisagens e pensamentos, às vezes esqueço-me de respirar.

o fim do mundo està cada vez mais longe mas a viagem continua. temos escapado da neve e da chuva sem nos apercebermos! todo o percurso que fizemos antes de chegar à costa està intransitàvel ou pelas cheias ou pela neve... com um bafo de sorte vamos chegando sempre a algum lado, mesmo que náo seja o destino previsto.

Queria explicar com palavras o que tenho visto, pintar essas paisagens com letras e poemas mas escapa-se a inspiraçao ou a arte para o fazer. Tenho lido Pessoa e fico aterrorizada com a grandeza da sua escrita, a literatura elevada ao seu estatuto mais alto. Pego na caneta e congelo-me, detenho-me entre o vivido e a imaginaçao. As fotos permitem captar um bocadinho da magia mas ainda assim nunca me parecem suficiente reais... as palavras fogem, escondem-se nalgum recanto e nao se deixam tocar.

Deixo-vos as palavras de Hugo Covaro acerca dessa patagònia dos desertos, longe do turismo, das cidades, episòdios das areias...

"En esta regiòn de arenas el hombre debe inventarse un sueño nuevo cada dia. Si no lo hace, la arena lo acomete, lo aprisiona y lo confina a su quietud de piedra machacada hasta volverlo un enterrado silencio. Debe vencer el miedo a esa obstinada invasión que lo atenaza sumièndolo en una perplejidad dolorosa.

En ese letargo, el rastro de un escarabajo cruzando el mèdano es la precaria escritura en esa memoria pulida de intemperie, y en las pupilas del hombre de las arenas, la vida muestra extrañas visiones.

A veces el viento destapa restos de paisanos muertos y le hace comprender que han sido calcinados por el desierto quizà quinientos años antes.

Todo aparece y desaparece, porque en ese territorios las cosas adquieren importancia sòlo cuando las miran algunos ojos, cuando las atesoran ciertas miradas."

O homem das areias percorre o deserto com seus passos invisiveis, camuflado entre a paisagem e o esquecimento.

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