quarta-feira, 1 de outubro de 2008

crise afectiva ou porque é que não ligamos aos amigos

Depois de muita deambulação mental decidi optar pelo tópico da amizade. Em tempos de crise económica (ou será em tempos de manipulação mediática global???) viro os meus pensamentos e reflexões para uma outra crise bem mais grave e pela qual somos directamente responsáveis.

(por favor ler atentamente até ao fim e deixar comentário)

Entre viagens e paragens vou pensando nos amigos, aqueles de antes, os de agora e os esquecidos. Nos ultimos anos conheci muita gente e desses alguns ficaram por uns intantes outros desapareceram e outros vão ficando. Acaba-se a universidade e cada um segue a sua vida, no mesmo sitio, noutro sitio, país, cidade ou dimensão. Quando volto vou estando com algumas pessoas e encontro outras que são como espectros esquecidos do passado, colegas do secundário ou de outras andanças. Em viagem vou mandando uns mails, ou telefonando de vez em quando a alguns amigos especiais e quando volto sinto mais do que nunca a distancia entre as pessoas. Acomodamo-nos dentro da nossa borbulha e inventamos mil e uma desculpas para não mandar aquele mail de resposta ou mensagem, adiar aquele jantar ou aquela visita prometida á não sei quanto tempo. É fácil perdermos o contacto com os mais queridos, o que pode parecer um paradoxo devido á quantidade extraordinária de meios de comunicação á nossa disposição, senão vejamos: Internet com todas as suas possibilidades (msn, hi5, facebook, hotmail, googlemail, skype e etc, etc..) telemóvel (com não sei quantas promoções, vips, chamadas grátis, mensagens grátis) e viagens de avião cada vez mais baratas para onde quer que seja. Muitos podem argumentar que não têm dinheiro para sair da cidade ou do país, outros que lhes falta tempo mas para mim o principal motivo desta falta de iniciativa é a preguiça. Será que custa assim tanto dedicar 3 minutos para mandar um mail a perguntar como estás? ou escrever uma mensagem? ou tomar um cafezito no bar de sempre??? Não falo apenas das distancias fisicas mas dessas distâncias psicológicas que nos impedem de dar um passo em frente e fazer a tal visita que andamos a adiar.

Quando estou por por Portugal vou estando com pessoas de grupos diferentes ou realidades distintas e vou sempre perguntando por este ou aquela desaparecida e no final de um ou dois meses apercebo-me que sei mais coisas acerca da maioria dos desaparecidos que o resto das pessoas que estão ao lado ou alguns km de distância.

Vivemos com a desculpa do passado, do tempo não volta atrás, de "isso era antes"... é obvio que o tempo vivido num dado momento, numa dada situção espaciotemporal não se repete mas também é verdade que passado, presente e futuro não são impermiáveis ou realidades inconciliáveis. Deixamos que as pessoas desapareçam das nossas vidas porque não fazemos nada contra isso. O nosso melhor amigo do secundário é agora um conhecido ou um desses desaparecidos, as pessoas com quem partilhamos casa, vida, alegrias e tristezas são recordações algumas vagas e com outras (e um pouco de sorte) ainda vamos mantendo contacto.

Há pessoas demasiado importantes para deixarmos cair no esquecimento, há outras que marcam dados momentos e vão desvancendo e depois há aquelas que são esquecidas de imediato, até porque senão davamos em doidos com tantos amigos, conhecidos e outros sem classificação.

Com tudo isto quero deixar um alerta para que não condenem a um esquecimento (abrupto ou lento) aqueles mais significativos. Cultivem as novas e as velhas amizades porque como em tudo na vida é preciso dedicação e amor para para que as sementes do passado possam ser árvores velhinhas no futuro.

A crise económica pode ser fodida e talvez o dinheiro seja o mais importante mas quem é que nos vai dar um abraço quando nos sentimos irremediavelmente sós?
quem é que vai estar em silêncio ao nosso lado enquanto choramos?
com quem é que vamos partilhar aquele momento inesquecivel?
A quem é que vamos contar as mesmas histórias vezes e vezes sem conta?
Com quem é que vamos dar um passeio ao final da tarde? ou comer um gelado? ou beber um café depois de jantar?
Por mais pobre que seja uma pessoa ou um país há algo que o dinheiro nunca poderá superar: um sorriso amigo que nos espera depois de uma longa ausência ou simplesmente aquela companhia diária que nos faz esquecer tudo o resto.

Amigos, liguem aos vossos amigos!!

1 comentário:

  1. ora aqui vai um comentário para a menina do bolg! ;) espero... não... sei que isso nunca nos vai acontecer! acho que uma das maiores descobertas da nossa dita maturidade é mesmo isto que falas, aquele cliché de que há pessoas q ficam para sempre soa-me a treta... é tão fácil perder-nos na vida! podemos sim, é esolher aquelas pessoas a quem nos vamos dedicar para sempre. e tu, tu és sem dúvida uma delas. e a nossa estrelinha continua a brilhar*

    ResponderEliminar