sábado, 15 de novembro de 2008

"a dificil arte de existir no mundo"

«(...) este medo de paragem, do não-poder-continuar, do ter de interromper para sempre, tinha estado presente durante toda uma vida, e não só no que dizia respeito á escrita como a todos os seus outros empreendimentos: ao amor, à aprendizagem, à participação- sobretudo a tudo o que exigia grande concentração. » Peter Handke "A tarde de um escritor"

O tempo engana. Volto a Penela e perco-me entra a rotinas diárias. Parece que o tempo nunca é suficiente para fazer tudo o que tinha planeado. Entre as pequenas obras em casa, as tarefas domésticas e as visitas ao Hospital a vida vai correndo. às vezes tenho essa sensação de interrupção de qualquer coisa. O constante deambular, a troca de cidades-países-amigos-linguas deixa-me algures num vacuo espacio- temporal, em lado nenhum e em vários sitios simultaneamente. Interrupções voluntárias ou não de uma certa rotina adquirida, rompe-se a familiariedade com as pessoas-sitios. O regresso nunca é um verdadeiro regresso mas um começar de um outro ponto de vida.
Será que andamos de momento em momento sem nos dedicar-nos verdadeiramente a um empreendimento? E os sentimentos? Será a amizade uma sucessão de momentos (bem ou mal passados), intensidades, cumplicidades, partilhas para mais tarde esquecer e pôr na caixinha das memórias que evocamos á distancia da saudade?
E os amores/ paixões?? O que resta de nós e do outro?
Será que chegamos a um ponto tal que não nos conseguimos dedicar verdadeiramente a nada nem a ninguém?

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