quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Cartas a um jovem poeta"- Rilke

"Tente então dizer, como o primeiro homem, o que vê e o que vive e ama e perde. Não escreva poemas de amor; evite por ora as formas mais comuns e corrente: são elas as mais difíceis, pois só uma grande força, já amadurecida, conseguirá criar uma coisa própria por entre a abundância de boas e por vezes brilhante prestações. Evite por isso os motivos gerais e prefira aqueles que o seu quotidiano lhe oferece; descreva as suas tristezas e desejos, os pensamentos passageiros e a fé numa qualquer beleza- descreva tudo isso com sinceridade íntima, tranquila, modesta, e para lhes dar expressão sirva-se de coisas que o rodeiam, das imagens dos seus sonhos e dos objectos das suas recordações. Se o seu dia-a-dia lhe parecer pobre, não o acuse de pobreza; acuse-se a si próprio, reconheça que não é ainda poeta o bastante para conseguir invocar as suas riquezas, pois para um criador não há pobreza e nenhum lugar é indiferente e pobre."

in "Cartas a um jovem Poeta", Rainer Maria Rilke

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